terça-feira, 17 de dezembro de 2013

As folhas caem, as folhas rebentam...

As folhas caem...
Não se lembram de que já foram chão!

As folhas rebentam...
Não se lembram de que já foram céu!

Assim nós somos

De cada vez que partimos 
E voltamos!

Lisboa, Mértola, Dezembro de 2013

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Como se não houvesse tempo

Saber lidar com o tempo
Como se não houvesse tempo

Sem tempo

Sem saber

Sem lidar

Apenas ser...

Lisboa, 13 de Dezembro de 2013

sábado, 7 de dezembro de 2013

As folhas do Outono


As folhas do Outono
Despediram-se das árvores
E caíram no chão
Onde estão serenas!

Lisboa, 6 de Dezembro de 2013

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Sem o saberes


Aproximei-me da tua porta 
E sem o  saberes entrei no teu jardim.
Fiquei a olhar para as flores

E vi como elas são a imagem e semelhança do teu rosto.
Curvei-me sobre a terra 
E pus-me a trabalhar as tarefas que deixaste interrompidas.
Colhi algumas flores, que deixei à tua porta.
Depois... saí silenciosamente,

E afastei-me a sorrir,
Contigo dentro de mim...

Lisboa, 5 de Dezembro

Foto Net

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Melancolia


Almas ronronantes 
Com saudades de coisas distantes 

Vividas?
Não vividas?

Perto indelevelmente sentidas 

Não lembradas 
Não esquecidas 

Nem chegadas
Nem partidas ...


Lx, 14 de Novembro

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Assim faço com as palavras

Pego nas pedras.
Lavo-as bem lavadas.
Limpo-as.
Exponho-as ao sol e ao luar.
Assim faço com as palavras.

Lx, 14 de Novembro

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Ainda é noite...


( poema escrito antes da revolução de Abril....)


Dias cinzentos 
De horas impassíveis...
Que relógio está parado
No país adormecido?

À beira-Tejo, eis o que sonho:
- Chegam bandos de homens justos!

Com eles vou
Irmanados
Gritando o sol nascer....

Ainda é noite!


( foto Net )

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

SOU

Sou quem procuro ser
e descobri que sou
e espera que seja.
Assim vou-me aproximando de mim.

E quando me afasto
não é a mim que tu  vês
nem é comigo que falas!

Sou máscara

farsa
voz falsa
perdida
iludida
não lembrada 
de si esquecida!

Lx, 24 de Outubro da 2013

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Mas não é do tempo!

Está frio e vento
E o céu cinzento
Lá fora e cá dentro
Mas não é do tempo!

Eduardo Aleixo
Lx, 22 Outubro

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Sou erva com bicos de pássaros

Vou indo enleado no tempo, 
Com sonhos, saudades e desejos da leveza do sem tempo!...
Como se fosse embalado pelo vento
Sou erva com bicos de pássaros e raízes aladas
No chão sagrado do agora...
Lx, 20 de Out. de 2013

Foto Net

sábado, 19 de outubro de 2013

Onde namoram os pássaros

Hoje vou entrar  no bosque mais íntimo
Onde namoram os pássaros

E rebentam as cascas dos ovos
Nascentes das águas puras.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Cena sobre as águas calmas do mar


Olhos de camelo vassourando a lonjura do deserto...
Assim a gaivota grande de papo branco baloiça sobre as águas azuis e rasas e calmas do mar…
Solitária, livre e esbelta,

Eis que levanta brusca e briosamente voo
e segue o parceiro que a chama
No voo alucinante sobre as águas...

Lx, 2011

terça-feira, 8 de outubro de 2013


Agora que vejo a dança e ouço a música 
Lembro-me estar certo 
Quando falo das águas puras
Livres e leves como o teu corpo alado
Sorriso aberto
Longe dos ruídos e dos ecos
Mergulho nas águas limpas
Subo leve em direcção ao céu azul
E debaixo das árvores
Sinto a quente doçura da terra...

Lx, 2011

sábado, 21 de setembro de 2013

Sempre sorridente


O bom da casa está no regressar.
Para regressar é preciso partir.
Mas a casa de que falo
Está no centro do bosque luminoso do teu ser.
Sempre sorridente.
Mas independente
Do chegar e do partir!

Agosto.
Quintela de Azurara

A minha alma


A minha alma mora no  céu
Da tua boca!

terça-feira, 17 de setembro de 2013

As vozes mais puras

As vozes mais puras
Os olhares mais claros
Os gestos livres e não pensados são sinceros
A dança do teu corpo igual à dança das folhas libertas das árvores
As palavras são de cristal
Orvalho na manhã
Que canto sublime e fresco se liberta do bico contente das aves
Águas primeiras irrompendo da terra 
e regressando ao regaço do ar
Assim eu regresso ao antes da manhã
Ao despertar das corolas das flores
E à tremura das pestanas 
Por causa dos afagos das brisas dos teus sonhos
Leitura serena dos nossos corpos 
Nas areias do sol posto à  beira do cântico das ondas
Aqui
Não existe já o ruído do mundo
nem o mundo do ruído
Aqui
É a porta de entrada para a essência
Quero eu dizer
para a existência....

Lisboa, Setembro
( depois de fechar a televisão, farto de todos os comentaristas )

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Árvores


Quero ser como as árvores :
Os pés bem mergulhados na doce terra amada,
E as mãos acariciando o rosto sorridente do céu!

( Foto: Jacarandás, Lisboa ).

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Conchas.

Quantas conchas tem a praia...
Mas foi esta que eu escolhi!
Porque chamou a atenção do meu olhar.
É esta que eu vou guardar.
É esta que eu vou amar.
Que terá para me contar?
Muitos segredos tem o mar!

Praia de Monte Gordo - Agosto de 2013

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

As sombras

Quando as águas me lavam as sombras 
E me lembram que elas existem 
E são minhas
Embora escondidas
E nunca fale delas
Amo-as
Porque sem elas
Não haveria luz em mim!


Praia de Monte Gordo, em 19 de Agosto

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Eis...


Chão molhado de memória esquecida ciclicamente lembrada renovada renascida…


Eis o que são as praias,
Pedras, conchas, búzios, algas, ouriços, estrelas do mar calcinadas
Pelo sol sem tempo...

Eis no que se transformam as nossas vidas,
Que só os poetas cantarão sem o pensarem,
E lembrarão sem o saberem!...

Praia Monte Gordo, aos 19 de agosto

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Brisas antiquíssimas

Dançam melancólicas as brisas antiquíssimas
entre as penas das asas gloriosas leves e ridentes
e as patas enraizadas
mas  dissimuladas do vento....

31 de Julho de 2013

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Ondinhas frágeis


Ondinhas frágeis estão chegando cansadas...
Mas mesmo cansadas,
Refrescam o nosso cansaço!...


( Praia de Monte Gordo, 17 de Julho de 2013 )


Foto Net

sábado, 27 de julho de 2013

O ser

O ser 
É o som
E o tom
Originais
Auto-descobertos
São fontes
Não são ecos

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Ser apenas

Ser apenas
Viver...
Passar...
Não importa perder
Ou ganhar!

sexta-feira, 19 de julho de 2013

É um segredo


Venho aqui
Deixar-te um poema
Debaixo da pedra
Debaixo da folha
Debaixo do choupo

É um segredo
Que nem as águas do riacho
Que correm ao lado
Sabem!...

terça-feira, 16 de julho de 2013

Palavras nuas


Não gosto de adjectivos.
Procuro as palavras nuas.

( Sem vestidos ).

sábado, 13 de julho de 2013

E são os ventos...


Há ventos e ventos!
E são os ventos que nos levam e nos trazem,
Nos separam e nos aproximam...
São os ventos...
Lisboa.
Poema trazido com o vento do despertar de hoje, 13 de Julho

Foto Net

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Regresso sempre ao colo do silêncio


( Poema emoldurado por Rosa Maria ) 

quinta-feira, 4 de julho de 2013

O acordar do dia

O dia acordou.
E pede ao sol
Que traga alegria 
À terra e aos homens....

Julho de 2013

( Foto Net )

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Estamos presos

No meio da prisão
Onde todos aceitaram uma falsa liberdade
Só os homens e as mulheres livres dizem
Estamos presos!

Lisboa, Junho de 2013

Foto Net

terça-feira, 25 de junho de 2013

Ainda sobre o voo...

Voar,
Mas com o cheiro sagrado da terra
Nas asas sorridentes
E luminosas,
Com os bicos contentes.

Junho de 2013

Foto Net

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Voar é bom


Voar é bom.
Falem com as aves.
Elas explicam!...


Lisboa, 21 de Junho

terça-feira, 18 de junho de 2013

Havia uma pedra no meio do caminho...


No meio do caminho havia uma pedra, diz o poema de Carlos Drummond de Andrade.
Havia.
E na minha vida sempre houve muitas pedras.
Mas de cada vez que a gente remove a pedra agradece a Deus
E continua a caminhar.
Ah!...Que bom!...
Voltei a ser cigano.
Já posso ir ver o mar...

Lisboa, 18 de Junho de 2013

( Foto Net )

sábado, 15 de junho de 2013

MOMENTO


- Poema de Rita Aleixo

Algo rebentou.
Uma semente
Um soluço de absoluta necessidade
Uma tristeza demasiado pesada
Para continuar ali presa no esquecimento.
Ficaste parado, como que em câmara lenta,
À espera de perceber o que de estranho se passara.
Que acontecera?
Permaneces aí enquanto o vento rebola na tua face,
Enquanto as pessoas passam distantes
E as folhas caem das árvores nuas para o inverno.
E tudo à volta gira, seguindo o natural  ritmo das coisas.
Os dias passam, as horas flutuam umas sobre as outras,
Noites e novos dias sobrepõem-se,
Tudo está em movimento excepto
Esse momento em que te encontras aí
Longe do tempo que parece ter parado embasbacado
Por uma certa indeterminada razão que ainda
Não surgiu em ti.
Surpreso como tu, parece esperar que te recomponhas
Para então também seguir em frente
Com o presente estacado nas profundezas do passado,
E com o que passou presente a cada  instante
Desse momento vazio onde tudo se move menos tu.


Algo mudou.
Um estremecimento interior
Um murmurar incessante
Uma fina gota cortante
Algo cujo impacto parece ter abalado os alicerces
Por onde respiravas, por onde andavas, por onde tudo fazias.
Tudo à tua volta traz asfixia, prisão, fragilidade
Tudo parece desmoronar com uma maior facilidade que um
Baralho de cartas jogado ao mar.
Apetece chorar, desistir, desfalecer.
As vozes ecoam incertas,
A clareza de outrora esvai-se, distancia-se, já não se encontra
em lado nenhum.
Tudo parece ter desaparecido tal como era
Tal como sempre o tinha sido
A ilusão, os sons, as imagens do quadro somem-se
Com o olhar de cada minuto focado
Em tudo o que ali estivera e já não existe.
Não mais...
Talvez nunca mais
Talvez nunca lá tivesse estado.

A folha ficou em branco

Pronta para um novo tempo que há-de vir...
Rita Aleixo

In, "Antologia de Poesia Contemporânea - Entre o Sono e o Sonho - Volume III
Chiado Editora - Fev. 2012

( Foto Net )

quarta-feira, 12 de junho de 2013

ICH BIN GREGA




- Texto de Clara Ferreira Alves

............" Eu vi Delos antes de 2012. Um lugar arqueológico e cuidado, com um museu bem guardado onde se podiam ver belas peças. Agora, Delos é um lugar de contemplação da nossa falência. Delos é Património da Humanidade e a Humanidade somos nós , os civilizados e os bárbaros, os chineses confusos e os germânicos ostracizados.
No barco que vem de Delos, ao deixar a cidade em ruínas, vejo a nossa civilização agonizar. Todas as complexas civilizações morreram. Nem o nosso avanço tecnológico nem a estabilidade das nossas instituições democráticas nos livrará desta morte, em que o passado deixou de ser respeitado e passou a ser ignorado. Ao meu lado, os jovens orientais, agarrados aos iPhones, suspiram por rede, olhos fixos no ecrã minúsculo. Delos não faz parte da sua substância. Não lhes pertence. Não lhes interessa. Um barco de desapontados.
Em Delos, Património da Humanidade, as pedras foram largadas às silvas e aos cardos, às lagartixas e aos corvos. Nasce um pinhal no meio de colunas. Grande parte da cidade está vedada porque se tornou perigosa. As cisternas estão cheias de água estagnada com mosquitos. As víboras rastejam nas sombras. O teatro de Dyonisos não se pode visitar. Nem as casas, a de Dyonisos, de Cleópatra, do Tridente. O museu está deserto e sem guardas, com alas fechadas. O Terraço dos Leões foi invadido pela natureza. A loja fechou. O Estado grego, sem dinheiro, sem funcionários, sem ministério da Cultura, demitiu-se em bloco. As ervas daninhas e as flores silvestres, os répteis e os insetos, devoram Delos. A cidade está submersa em vegetação e abandono e à guarda do tempo, esse grande escltor. Angkor Vat renasce, Delos morre.
E que deixará esta civilização que rivalize com a beleza de uma estatueta de Afrodite ou ma figurinha de terracota? Um iPad."

Livro: " Estado de guerra "

segunda-feira, 10 de junho de 2013

E assim vamos...até quando?



Neste tempo incerto, amargo, injusto, imoral, desiludido, amargurado, sitiado, de rosto frio, tecnocrático, formal, mas democrático, país europeu herdeiro garboso da civilização ocidental cristã, à beira-mar plantado com  barcos vazios de remos e redes parados com os peixes ilesos contentes nas águas infinitas do mar; país de barriga gorda dos subsídios para cimento de   estradas e  prédios para gente cada vez mais pobre para os poder utilizar;  riqueza de campos com  frutas desprezadas no chão por não terem as dimensões das regras comunitárias e assim impedidas de entrarem no sagrado templo do mercado; país de  corrupção descontrolada, de desemprego sempre crescente, com os trabalhadores do Estado perseguidos como se fossem uns bandidos; aposentados que descontaram toda a vida legalmente e que são roubados para pagarem as dívidas que não contraíram; velhos assaltados nas suas residências solitárias; um Estado que não belisca os interesses gananciosos dos poderosos; uma Justiça que é raro fazer justiça; uma Classe Política em que pouca gente já acredita; um Presidente da República indiferente aos apelos do povo para que intervenha e contribua para emendar o rumo trágico do país…
( Prosaico-presidencialmente falando ):
- tal não é aconselhável, pois não está em causa a legitimidade do governo, sendo que uma intervenção nesse sentido expressaria apena um desejo fácil de protagonismo inútil…
Por isso, ponho-me a inventar metaforicamente a  palavra certa, que rasgue e sangre o ventre  teimoso e míope do pensamento dominante, que esmaga  e destrói  a alegria e a esperança de vivermos felizes, e descortino que só em palavras como
 Cardo
 Pedra
Rubro
 Seta
 e outras a inventar urgentemente e  tenham o perfume e  os picos das rosas  e  caminhem em marcha fogosa e firme nas rotas  fora  da lógica de todos os poderes mafiosos, os instalados  no poder, e os que se encontram fora do poder e apenas desejosos de o conquistar, mas vassalos de esquemas doutrinários divorciados dos anseios dos tempos que carecem de  novos olhares e pensares…
…poderá encontrar-se  a fonte fresca e limpa ainda não morta da liberdade aurora inocência  corpo vivo semente fermento ideias  sentimentos sem medo com amor e  fogo  e  água ilimitada jacto  pronto a  ser usado  para derrubar o beco em que o mundo desemboca e nos esmaga e nos sufoca…
( Prosaicamente outros falando : utopia, lirismo, palavras perigosas, populismo… )

E assim vamos: ….até quando?

( Escrito em Portugal, 10 de Junho, Dia de Camões )



quarta-feira, 5 de junho de 2013



Uma gota de água da mais pura

Uma gota de água da mais pura já não é suficiente para salvar o meu corpo da secura, da aridez desumana dos discursos por mais lógicos, da alienação do espectáculo verbal e estatístico face ao rosto carente e desamparado das necessidades essenciais dos homens.
Uma gota de água da mais pura já não é suficiente, ouço o país queixar-se  com  voz débil de  amargura.O deserto em volta do meu corpo está pejado de bicos sedentos que querem roubar o bem escasso da água que nos resta e que tanto nos custou a retirar das profundezas da terra.
É o tempo-limite. Foz amarga dos rios ideológicos antigos e modernos.
As palavras sem culpa são as únicas entidades amigas que me rodeiam.
Palavras cansadas de saírem à rua.
De gritarem.
De apelarem para valores ensinados ao longo de mais do que uma geração, mas  agora traiçoeiramente descartados,  esquecidos, escamoteados, espezinhados, desprezados por quem manda de modo  hipócrita, dito democrático.
O que vai acontecer?
Não sei.
Recolho-me.
No deserto olho desencantado para as estrelas.
Fatigado, vou adormecer.
Na esperança porém, de, ao acordar, poder ouvir  bater  à porta do país a luz benfazeja e justa  de um novo  amanhecer.

Eduardo Aleixo
Lisboa. Mês de Junho de 2013, cheio de desencanto.


segunda-feira, 27 de maio de 2013

A minh'alma


A minh'alma
cansada,
está zangada,
por ver-se  incapaz
de desfazer
tanta laçada!...

Mas não tarda
vem comigo

remoçada, 
de mão dada,
entoando a canção
da madrugada!...



quinta-feira, 16 de maio de 2013

Ficha biográfica


Foi algo que do céu caíu
Envolto nele vim eu
Que notícias de Infinito
Que anos perdidos de céu

Foi ilusão pretender
Ser dono do paraíso
Contar histórias encantadas
De noites sem amor e sem riso

Rãs concertando nas águas
Estrelas acenando nos céus
Mil sonhos nos meus cabelos
Meus olhos cobertos de véus

Foi algo que do céu caíu
Envolto nele  vim eu

- Onde estão as minhas vestes?
- Nem na terra nem no céu!


segunda-feira, 13 de maio de 2013

O regresso do sol

O sol que o poema não descreve
está nas sombras
que abandonam as cidades
e vão implorar
os afagos do mar.

As árvores,
onde os melros cantam
e observam os cães felizes brincando sobre as ervas,
estão contentes
por causa das sombras
agora ridentes.

Mergulhados nas águas
saudemos o sol
que o poema não descreve.

Lisboa, 18 de Abril 2013

( Foto Net )

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Rebentam melodias novas



Há silêncios intensos,
com muitas conversas dentro...

Cá fora fico à espera...

Não sei o que vai acontecer!...

Mas já tem acontecido
que destas conversas,
parecidas com a afinação das teclas do piano
ou das cordas do bandolim

rebentam melodias novas...

terça-feira, 30 de abril de 2013

Peito aberto aos ventos


Olhemos puros para fora e para dentro.

Sem medos.

Onde há medos não há lugar para o Amor.


Digamos não às  vitimizações  e culpas  visões de fantasmas algozes inexistentes.


Mostremos o peito aberto aos ventos

Que desarmados com sorrisos...

Já são brisas...

sexta-feira, 19 de abril de 2013

E onde a música vem do vento















De regresso
Sempre
À casa do mar
O meu lar
Regaço
Laço
Voz de manhã inicial
Onde não sou eco
Sou
Tesouro
E falo
Sem palavras
E onde a música
Vem do vento
Ou do bico das aves...

( Foto mar da praia de Santa Cruz )

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Curvada sobre a terra














Chapéu de camponesa
curvada sobre a terra...

Onde as tuas mãos tocam,
tudo cresce!

Curvada sobre mim,
a minha alma  floresce!

17 de Abril de 2013

( foto Net )

sábado, 6 de abril de 2013

Inverno ( ciclo das águas )



As águas caem,
alagam as terras.
inundam as raízes submersas.

O céu... tem saudades

Da terra.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Mais um amigo que parte.


Mais um amigo que parte.

Mais uma cadeira vazia
Que fica
No cenário
Indiferente
Da vida.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Já não sou eu















Mergulho em ti
E tu em mim
Já não sou eu
Nem tu és tu
Ó sonho meu
Mas quem és tu?
E quem sou eu?

sábado, 23 de março de 2013

Uma criança que escreve

Não sei se sou poeta.
Mas sei que há em mim uma criança
Que escreve.

( Foto Net )

terça-feira, 19 de março de 2013

Mas agora são os pássaros que cantam


Tudo é importante.
Mas agora... são os pássaros que cantam!

( Foto Net )

sexta-feira, 8 de março de 2013

Somos


Somos barcos que choram
Portos que gritam
Gaivotas que procuram


In " As Palavras São de Água"
Chiado Editora, Setembro. 2009

( Foto Net )

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Chuva, antiga...



Chove e gosto; e sinto, sempre, que o som da chuva é muito antigo; e que chove sobre a terra, sobre mim e sobre o mundo, e eu sou a terra, o mundo, o tempo, a chuva e o som da chuva. Há, no som da chuva, que cai sobre mim, ao ouvir a chuva, o tempo da chuva e o tempo do mundo e o tempo do tempo e o tempo de mim! ...

É como se eu fosse da idade da chuva, da idade da terra, da idade do mundo, da idade do tempo, e por isso não me basta dizer: chove; e é bom ouvir a chuva...Porque algo me faz lembrar o inlembrável e ao dizer isto sei que não é construção da mente para efeitos estilísticos..Não!...É sentimento. Antigo. Como a chuva. E o tempo...

Desde quando choves, chuva, e sobre mim roças lembranças que não desvendas?!...   

-

In o meu livro, " Os Caminhos do Silêncio " - Chiado Editora, Outubro 2011

( Foto Net )

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

São estas as águas


( Foto do Guadiana, em Mértola )

São estas as águas do rio
Que le(a)vam as letras do meu nome.
Águas limpas águas claras águas sempre em movimento.
Nelas desliza o bote do meu destino.
O meu corpo fala a linguagem dos peixes
Que sabem ser este o espaço
Da minha liberdade.
Aqui, o cântico do sol e da bruma
Brota do ritmo harmonioso do meu coração
Identificado com a terra, com o céu e com a água.
O verde das margens é o verde dos meus olhos.
É este o rio certo.
O barco certo.
O ritmo certo.
-------------
In o meu livro, " As palavras são de água "
Chiado Editora, Setembro de 2009

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Amorosamente acarinhados...


Sempre que nos  falamos e olhamos
sem teias nas palavras e sem brumas no olhar

é que nos vemos, amorosamente acarinhados
com o Todo

do céu e da terra
da vida e da morte

da alegria e da tristeza
da solidão e do abraço

do amor e das mágoas
da mentira e da verdade

sábado, 26 de janeiro de 2013

Imaginações ( IV )

Nos momentos de leveza...


Nos momentos de leveza,
as janelas da luz,
a nascente do sorriso,
o regaço da plenitude
e a unidade do amor infinito
abrem-se,
florescem,
e são bosques
com que sonhas
nas noites do Sonho,
e acordas,
lembrado,
contente.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

CARDO


Gosto do cardo,
porque é belo.
E mostra ao Céu,
os espinhos da Terra.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Imaginações ( 3 )


( foto Google )

Os Interstícios

O meu olhar procura
O espaço escondido
No meio das pedras antiquíssimas.
São os interstícios!...
Passagens que me levam
Ao sítio misterioso dos búzios.
Ao país sem tempo dos perfumes.
À quentura infinita
De todos os regaços,
Seios,
Braços apertados,
Abraços,
Olhos luminosos:
Parecem os teus olhos,
Mas não são, não!...
São os olhos das estrelas!
Tristes e tão sós!
Com saudades de nós!...

( poema que consta do meu livro, " As palavras são de água ".



Não sou só eu a procurar os interstícios, eles também me procuram!
É  um encontro preparado nos caminhos misteriosos do silêncio!...
A consciência do encontro é num tempo sem consciência do tempo.
É um estado de leveza.
De não pensamento.
É então que observo e sinto e pressinto, mas não penso.
É uma forma diferente de ver, de sentir, mas nunca de pensar!
O pensamento não se torna necessário!
As palavras surgem e contam o que os olhos vislumbram.
As imagens que elas traçam são o que os olhos vêem.
Nem posso dizer que espreito pelos interstícios das pedras, ou das folhas, ou das nuvens libertando-se à superfície das águas.
Vou indo sem medo, com uma atenção redentora e uma suavidade no corpo, conduzido pelas asas do sonho.
Não sou acção. Faço parte de um processo.Que não leva muito tempo.Não sei.Sei apenas que se quebra, quando tomo consciência do meu corpo.
Então vejo onde estou.
E acho que sonhei!

sábado, 12 de janeiro de 2013

Imaginações ( 2 )



( Foto de Lucília Ramos )

O indizível

Também acho que é o indizível que me move e me toca às  vezes. 

Saudades do indizível do que vi na realidade da minha imaginação ou no meu imaginar matematicamente real.

Mas as saudades do chão que piso também as sei como se fosse estrela com saudades da terra de onde tivesse um dia voado como pássaro ou anjo.

É um sentimento melancólico, um pouco triste e estranho, como se eu fosse um estrangeiro  neste mundo, este de ter saudades da terra quando chego ao céu e saudades do céu quando na terra dos homens vivo, que é o caso.É como se tivesse esquecido vestes minhas em qualquer parte do universo e gostasse de as recuperar e sentisse um vazio semelhante ao que sentem os amantes com a falta do bem amado, quando no deserto do mundo luminoso do universo sem fim me faltassem coisas finitas como a casa, o mar, o cheiro dos campos, o riso das crianças, o cantar dos pássaros, o olhar amado dos seres, a frescura das manhãs, a cor cálida dos poentes avermelhando as águas azuladas do mar!...

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Imaginações ( 1 )


As fontes












( foto de Lucília Ramos )

Apelo irresistível pelas fontes!

Mas fontes sentidas como se já conhecidas em tempos e espaços não lembrados, mas com afagos indesmentíveis de lembranças!

Saudades de lugares e de tempos fora dos  lugares e dos  limites do nosso tempo!

Inexistentes, improváveis e impossíveis, dentro da lógica da objectividade, eles existem ontologicamente em  mim, como se águas limpas no meu peito me deixassem ver curvado sobre um tempo que ficou indelevelmente gravado e que de súbito se esvai como se pertencesse à eternidade e deixasse a impressão suave de um sinal, de um trilho, de uma marca, de uma mensagem cinzelada como testemunho e testamento na pele invisível da minha alma!...   

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Estranha mas real a noite...


Estranha mas real a noite,
com os  pensamentos, sentimentos e emoções
desfilando livremente nos caminhos do silêncio,
onde me olham,
e me acenam,
a mim,
que apenas
os observo!...