terça-feira, 16 de setembro de 2014

Sótãos


Eram sótãos.
Há sempre sótãos.
Com coisas escondidas.
Até que as chaves caem aos teus pés

e, se estiveres atento,
com elas abres as portas fechadas
e ficas boquiaberto
ao ver lá dentro
bocados de ti,
esquecidos,
não lembrados,
como que não sabidos,
ali,
abandonados,
não vividos!...
Ficas surpreendido,
e ganhas, de súbito, uma nova consciência,
abraças-te a ti mesmo
no abraço das partes que te abraçam
e que a ti regressam
como filhos resgatados!...


( Foto Net )

2 comentários:

Graça Pires disse...

O que temos guardado nos recantos da memória é sempre importante por fazer parte da vida que vivemos... Gostei muito do poema.
Um beijo, meu amigo.

Parapeito disse...

todos nós guardamos historias e segredos nos velhos e empoeirados sotãos.
Gosto gosto deste poema,
abraço**